Pode ser fibromialgia!
Fibromialgia
é uma síndrome com denominação relativamente recente, quando comparada a outras
doenças. Esta foi denominada em 1981 e acrescida à Classificação Internacional
de Doenças (CID - 10) sob o número M79.0, neste mesmo ano, pela Organização
Mundial de Saúde (OMS). Acomete aproximadamente 2,5% da população brasileira e
apresenta predomínio feminino (10 mulheres para cada homem) na faixa etária dos
20 aos 50 anos, entretanto, pode ocorrer em crianças e idosos.
Caracteriza-se
principalmente pela dor no corpo difusamente (braços, pernas, pescoço, coluna,
tronco) e referida como “incapacitante”, “insuportável” e “extenuante”. Há
pacientes que dizem até que os cabelos doem. Isso traduz a origem da
fibromialgia, que se desenvolve pela sensibilização do sistema nervoso central a
estímulos que não deveriam provocar dor ou desconforto, ocorre, portanto, uma
espécie de amplificação dolorosa no corpo inteiro.
Esses
pacientes passam a sentir uma sensibilidade exacerbada nos seus músculos,
tendões, nervos e ossos, além de órgãos internos. Motivo este que pode
desencadear sintomas associados a dor, tais como boca seca, azia e naúseas
(estômago), diarreia, cólicas, constipação ou empachamento (síndrome do
intestino irritável), dormências e câimbras (nervos), dor de cabeça e tonturas
(cérebro) e inchaço nas articulações.
Outra
característica marcante da doença são os distúrbios do sono, além de fraqueza e
indisposição matinal. Logo na primeira consulta reumatológica, o uso prévio de
medicamentos para dormir é frequente, que em nada melhoram a doença, podendo
até prejudicar a disposição matinal. Além disso, há as alterações do humor, a
ansiedade, o choro fácil, a tristeza, o nervosismo. Em outras palavras, não é
apenas o corpo que sofre, o todo sofre, o ser humano sofre.
Muitos
pacientes costumam questionar sobre a ausência de alterações aos exames
realizados, “como sofro tanto, sinto vários sintomas e meus exames nunca mostraram
nenhuma alteração significativa”? Isso decorre do fato da fibromialgia pertencer
ao grupo das doenças funcionais, as quais a função encontra-se alterada e não
suas estruturais, a doença não deixa sequelas.
Comumente, os
pacientes vão à primeira consulta repletos de exames do corpo inteiro:
radiografias, tomografias, ressonâncias e ultrassons, além de uma enormidade de
exames de sangue. Entretanto, continuam ansiosos e inseguros com a condução
terapêutica, por falta de informação e conhecimento a respeito da doença não
adquiridos nas consultas médicas vivenciadas anteriormente.
Além de boa
parte deles se consultarem com um médico especialista para cada sintoma
diferente: palpitação com o cardiologista, dor de cabeça, neurologista, azia,
gastroenterologista, dor pélvica, ginecologista, dor nos ossos, ortopedista,
sendo esses apenas alguns dos exemplos da fragmentação do cuidado.
Portanto, se
você sente dores pelo corpo, dores ósseas, dorme mal, acorda indisposto,
ansioso, nervoso, pode ser fibromialgia! Nesses casos, a consulta reumatológica
é de fundamental importância para o atendimento médico integral a sua doença e
o reumatologista é o clínico do aparelho locomotor.
Como referido
anteriormente, o todo sofre e o paciente na sua integralidade deve ser cuidado.
Essa doença, em particular, é um bom exemplo que a saúde não se consegue em cápsulas,
a medicação ajuda, mas as medidas não farmacológicas são a pedra fundamental no
controle da fibromialgia. Hábitos saudáveis e atividade física regular bem
orientada constitui meta importante e devem ser buscados por esses pacientes.
Adolpho Pedro de
Melo Medeiros
Médico
reumatologista do Hospital Wilson Rosado
Professor de
Reumatologia da UERN
Fontes:
Livro Althof, AC: Fibromialgia:
uma visão holística para entender e lidar com a dor.. Criciúma, SC: Ed. do
Autor, 2013.
Artigo Wolf F e colaboradores: The American Colege of Rheumatology
preliminary diagnostic criteria for Fibromyalgia and measurement of symptom
severity. Arthritis Care
& Research 62: 600 – 610, 2010.
Adolpho Pedro de Melo Medeiros :: CRM 7687 // RQE 1773
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