O Bom Uso do Cálcio


            A vida moderna nos vendeu uma falsa ilusão que a saúde se consegue em cápsulas. Além disso, Importamos dos americanos a péssima “mania” dos suplementos alimentares. Resolvi discorrer sobre esse tema, já que sou indagado frequentemente no consultório sobre “cálcio para os ossos”; se não prescreverei cálcio em forma de suplementos etc.

            Esse grupo de pacientes, que me pergunta sobre o cálcio, se divide em dois grandes grupos: aquele formado por pacientes acometidos de dores pelo corpo associado à uma doença reumática (artrite reumatoide, osteoartrose, fibromialgia) e o outro pelos pacientes que apresentam diminuição da densidade óssea (osteopenia e osteoporose), ou seja, de uma forma simples, os pacientes que tem ossos mais frágeis, densitometrias ósseas alteradas.
            Esse primeiro grupo apresenta um conceito equivocado de que o seu corpo dói devido a falta de “força nos ossos”, “a falta de cálcio”. Entretanto, o corpo desses pacientes sofre por vários outros motivos, tais como o desgaste da proteção das articulações ou a inflamação dessas, as dores musculares, as deformidades. Aspectos esses pertinentes a cada doença e que em nada se relacionam com a baixa densidade óssea. Essa diminuição da qualidade óssea causa dor apenas quando ocorre fratura do osso, ou seja, mesmo que o paciente apresente osteoporose se não houver fratura óssea não haverá dor. Caso tenha dor necessita de uma avaliação com o reumatologista para diagnostico e tratamento adequados do transtorno causador da dor (fratura ou outra doença associada).
            O segundo grupo de pacientes, aqueles que apresentam alterações na densitometria óssea, realmente necessitam de uma ingestão de cálcio maior do que a população em geral. Entretanto, esse maior aporte de cálcio não deve ser realizado exclusivamente em forma de suplementos e sim enriquecendo a dieta. Cada pessoa é um ser único. E deve receber suplementos, quando racionalmente indicados, de acordo com as suas necessidades diárias.
            Por isso, durante a consulta aos pacientes, necessitamos de informações sobre a sua dieta habitual, suas preferências alimentares, comorbidades e uso de medicações, a partir dessas informações calculamos a quantidade de cálcio ingerida regularmente e avaliamos a dose de cálcio necessária na suplementação ou se o paciente prefere otimizar a sua dieta, afim de se livrar das cápsulas diárias. Um exemplo prático, apesar da popularização de produtos com baixo percentual de lactose, temos os intolerantes a lactose ou aqueles que não consomem laticínios por uma questão de paladar, esses pacientes dificilmente conseguirão atingir a meta de cálcio diária necessária e esses sim necessitarão de suplementação específica para o seu perfil clínico e dieta.
            Entretanto, estes pacientes compõem uma minoria dos nossos atendimentos e devemos sempre estimular o consumo de laticínios na dieta de uma forma saudável e equilibrada para a boa saúde óssea, muscular e cardiovascular. Isso mesmo, “saúde do coração e vasos”, tendo em vista que, apesar de resultados conflitantes em alguns estudos, a suplementação equivocada e excessiva de cálcio fora da dieta aumenta o risco de infarto cardíaco e acidente vascular cerebral (AVC).
            Outra dúvida frequente é se devem utilizar laticínios integrais ou desnatados. Referem que os laticínios desnatados são “fracos”. Outro equivoco em relação às composições, os produtos desnatados apresentam-se “fortes” em relação às quantidades de cálcio e proteínas, alem de menor teor de gordura quando comparados aos produtos integrais.

            Diante do exposto orientamos que o uso de suplementos alimentares deve ser realizado apenas após avaliação médica e nutricional. Pois repito, cada paciente é um ser único e devemos respeitar as suas individualidades. Para ossos e músculos saudáveis devemos ingerir uma boa quantidade de laticínios, folhas verdes, proteínas, frutas e verduras coloridas (ricas em carotenóides), além de prática de exercícios regulares, exposição solar adequada diária e reposição de vitamina D, quando necessária.





Adolpho Pedro de Melo Medeiros :: CRM 7687 // RQE 1773
Reumatologia / Clínica Médica

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