Infiltrações no aparelho locomotor

Aplicação localizada de medicação em processos inflamatórios.

            A aplicação de medicações diretamente nos locais inflamados trata-se de um procedimento bastante antigo na prática médica. Os primeiros relatos datam de 1951 e neste mesmo ano, Hollander publicou um estudo sobre o benefício das infiltrações de hidrocortisona nas articulações inflamadas. Desde então, tornou-se rotina o uso de medicações intrarticulares (espaço articular) e partes moles (tendões, bursas, nervos e músculos) pelos médicos especialistas no aparelho locomotor, reumatologistas e ortopedistas.
            Apesar de um antigo procedimento, trata-se de método bastante atual e eficaz, quando indicado para o paciente certo, executado da maneira correta e com a medicação mais adequada para cada quadro clínico. Além de tratamento, essa técnica configura-se também como ferramenta diagnóstica, quando coletamos liquido da articulação para análise, esta denominada de artrocêntese. Já a infiltração, seria o ato de aplicar o medicamento diretamente no local acometido pela inflamação.
            Portanto, pacientes com inflamação articular (artrite reumatóide, espondiloartrites, artrite psoriásica e artrose com artrite secundária) e de partes moles (tendinites, epicondilites, síndrome do túnel do carpo, fasceíte plantar, bursites e dores miofasciais) podem se beneficiar de infiltrações, visto que a aplicação direta da medicação nos locais inflamados proporciona alívio rápido e duradouro.



A idéia do uso de medicações diretamente nos locais inflamados segue o racional de diminuir a repercussão sistêmica dos corticóides no organismo e efeitos adversos, como pressão alta, ganho de peso, baixa imunidade e alterações na glicemia. Além de maximizar a ação antinflamatória no local da dor e inflamação.
O perfil de pacientes mais beneficiados com o uso dessa técnica são aqueles que apresentam um processo inflamatório mais localizado e que as repercussões sistêmicas dos corticóides e antinflamatórios não hormonais podem descompensar e agravar doenças como hipertensão, diabetes, insuficiência renal, osteoporose, insuficiência cardíaca e as doenças cardiovasculares.
Outra importante terapêutica possibilitada pela artrocêntese é a viscosuplementação nas artroses, ou seja, seria a aplicação direta de regeneradores das cartilagens das articulações gastas pela doença.
Alertamos que as infiltrações devem ser realizadas apenas por profissionais médicos treinados nesse procedimento sobe risco de dano à saúde se executados de maneira incorreta.
Com a implantação da Reumatologia no Hospital Wilson Rosado, houve um aumento na demanda por esse procedimento no nosso serviço, fazendo-se necessário a correta orientação dos pacientes sobre o método. Visto que as infiltrações ainda encontram-se cercadas por mitos, apesar das enormes vantagens e segurança do procedimento.
Diante do exposto, ressaltamos que essa abordagem terapêutica é de fundamental importância no tratamento das afecções do aparelho locomotor. Trata-se de procedimento seguro e eficaz, além de proporcionar alívio rápido e duradouro para quadros de dor. Devendo ser realizados com todo o cuidado que um procedimento médico requer e em ambientes apropriados.

Adolpho Pedro de Melo Medeiros
Médico reumatologista do Hospital Wilson Rosado
Professor de Reumatologia da UERN


Fonte: livro FURTADO, R; NATOUR, J. Infiltrações no aparelho locomotor. 1. ed. São Paulo: Bookman, 2010.



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Você sente dores no corpo e dorme mal?

Pode ser fibromialgia!

            Fibromialgia é uma síndrome com denominação relativamente recente, quando comparada a outras doenças. Esta foi denominada em 1981 e acrescida à Classificação Internacional de Doenças (CID - 10) sob o número M79.0, neste mesmo ano, pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Acomete aproximadamente 2,5% da população brasileira e apresenta predomínio feminino (10 mulheres para cada homem) na faixa etária dos 20 aos 50 anos, entretanto, pode ocorrer em crianças e idosos.

            Caracteriza-se principalmente pela dor no corpo difusamente (braços, pernas, pescoço, coluna, tronco) e referida como “incapacitante”, “insuportável” e “extenuante”. Há pacientes que dizem até que os cabelos doem. Isso traduz a origem da fibromialgia, que se desenvolve pela sensibilização do sistema nervoso central a estímulos que não deveriam provocar dor ou desconforto, ocorre, portanto, uma espécie de amplificação dolorosa no corpo inteiro.
Esses pacientes passam a sentir uma sensibilidade exacerbada nos seus músculos, tendões, nervos e ossos, além de órgãos internos. Motivo este que pode desencadear sintomas associados a dor, tais como boca seca, azia e naúseas (estômago), diarreia, cólicas, constipação ou empachamento (síndrome do intestino irritável), dormências e câimbras (nervos), dor de cabeça e tonturas (cérebro) e inchaço nas articulações.
Outra característica marcante da doença são os distúrbios do sono, além de fraqueza e indisposição matinal. Logo na primeira consulta reumatológica, o uso prévio de medicamentos para dormir é frequente, que em nada melhoram a doença, podendo até prejudicar a disposição matinal. Além disso, há as alterações do humor, a ansiedade, o choro fácil, a tristeza, o nervosismo. Em outras palavras, não é apenas o corpo que sofre, o todo sofre, o ser humano sofre.
Muitos pacientes costumam questionar sobre a ausência de alterações aos exames realizados, “como sofro tanto, sinto vários sintomas e meus exames nunca mostraram nenhuma alteração significativa”? Isso decorre do fato da fibromialgia pertencer ao grupo das doenças funcionais, as quais a função encontra-se alterada e não suas estruturais, a doença não deixa sequelas.
Comumente, os pacientes vão à primeira consulta repletos de exames do corpo inteiro: radiografias, tomografias, ressonâncias e ultrassons, além de uma enormidade de exames de sangue. Entretanto, continuam ansiosos e inseguros com a condução terapêutica, por falta de informação e conhecimento a respeito da doença não adquiridos nas consultas médicas vivenciadas anteriormente.
Além de boa parte deles se consultarem com um médico especialista para cada sintoma diferente: palpitação com o cardiologista, dor de cabeça, neurologista, azia, gastroenterologista, dor pélvica, ginecologista, dor nos ossos, ortopedista, sendo esses apenas alguns dos exemplos da fragmentação do cuidado.
Portanto, se você sente dores pelo corpo, dores ósseas, dorme mal, acorda indisposto, ansioso, nervoso, pode ser fibromialgia! Nesses casos, a consulta reumatológica é de fundamental importância para o atendimento médico integral a sua doença e o reumatologista é o clínico do aparelho locomotor.
Como referido anteriormente, o todo sofre e o paciente na sua integralidade deve ser cuidado. Essa doença, em particular, é um bom exemplo que a saúde não se consegue em cápsulas, a medicação ajuda, mas as medidas não farmacológicas são a pedra fundamental no controle da fibromialgia. Hábitos saudáveis e atividade física regular bem orientada constitui meta importante e devem ser buscados por esses pacientes.
Adolpho Pedro de Melo Medeiros
Médico reumatologista do Hospital Wilson Rosado
Professor de Reumatologia da UERN

Fontes:
Livro Althof, AC: Fibromialgia: uma visão holística para entender e lidar com a dor.. Criciúma, SC: Ed. do Autor, 2013.

Artigo Wolf F e colaboradores: The American Colege of Rheumatology preliminary diagnostic criteria for Fibromyalgia and measurement of symptom severity. Arthritis Care & Research 62: 600 – 610, 2010.

Adolpho Pedro de Melo Medeiros :: CRM 7687 // RQE 1773
Reumatologia / Clínica Médica


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Situações Comumente Atendidas Pela REUMATOLOGIA



  • 1.   Pacientes que apresentem alguma dor óssea ou muscular (tendinites, bursites, distensões musculares, torcicolos);
  • 2.   Osteoporose ou osteopenia, deficiência de vitamina D;
  • 3.   Artrose, artrites, reumatismos, fibromialgia;
  • 4.   Colagenoses (lúpus eritematoso sistêmico, esclerodermia, esclerose sistêmica);
  • 5.   Dores na coluna, doenças na coluna (hérnia de disco, bico de papagaio);
  • 6.   Dores nos pés e dificuldade para andar (esporão, por exemplo)
  • 7.   Ombro dolorido, dificuldade de elevar ou movimentar o ombro (bursite no ombro, tendinites),
  • 8.   Dores no pescoço, nos cotovelos e membros;
  • 9.   dormência ou queimação em algum local;
  • 10.   Tratamento para dor crônica; 
Resumindo: paciente teve dor em qualquer parte do corpo e não se acidentou imediatamente, será muito bem atendido pela reumatologia!


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O Bom Uso do Cálcio


            A vida moderna nos vendeu uma falsa ilusão que a saúde se consegue em cápsulas. Além disso, Importamos dos americanos a péssima “mania” dos suplementos alimentares. Resolvi discorrer sobre esse tema, já que sou indagado frequentemente no consultório sobre “cálcio para os ossos”; se não prescreverei cálcio em forma de suplementos etc.

            Esse grupo de pacientes, que me pergunta sobre o cálcio, se divide em dois grandes grupos: aquele formado por pacientes acometidos de dores pelo corpo associado à uma doença reumática (artrite reumatoide, osteoartrose, fibromialgia) e o outro pelos pacientes que apresentam diminuição da densidade óssea (osteopenia e osteoporose), ou seja, de uma forma simples, os pacientes que tem ossos mais frágeis, densitometrias ósseas alteradas.
            Esse primeiro grupo apresenta um conceito equivocado de que o seu corpo dói devido a falta de “força nos ossos”, “a falta de cálcio”. Entretanto, o corpo desses pacientes sofre por vários outros motivos, tais como o desgaste da proteção das articulações ou a inflamação dessas, as dores musculares, as deformidades. Aspectos esses pertinentes a cada doença e que em nada se relacionam com a baixa densidade óssea. Essa diminuição da qualidade óssea causa dor apenas quando ocorre fratura do osso, ou seja, mesmo que o paciente apresente osteoporose se não houver fratura óssea não haverá dor. Caso tenha dor necessita de uma avaliação com o reumatologista para diagnostico e tratamento adequados do transtorno causador da dor (fratura ou outra doença associada).
            O segundo grupo de pacientes, aqueles que apresentam alterações na densitometria óssea, realmente necessitam de uma ingestão de cálcio maior do que a população em geral. Entretanto, esse maior aporte de cálcio não deve ser realizado exclusivamente em forma de suplementos e sim enriquecendo a dieta. Cada pessoa é um ser único. E deve receber suplementos, quando racionalmente indicados, de acordo com as suas necessidades diárias.
            Por isso, durante a consulta aos pacientes, necessitamos de informações sobre a sua dieta habitual, suas preferências alimentares, comorbidades e uso de medicações, a partir dessas informações calculamos a quantidade de cálcio ingerida regularmente e avaliamos a dose de cálcio necessária na suplementação ou se o paciente prefere otimizar a sua dieta, afim de se livrar das cápsulas diárias. Um exemplo prático, apesar da popularização de produtos com baixo percentual de lactose, temos os intolerantes a lactose ou aqueles que não consomem laticínios por uma questão de paladar, esses pacientes dificilmente conseguirão atingir a meta de cálcio diária necessária e esses sim necessitarão de suplementação específica para o seu perfil clínico e dieta.
            Entretanto, estes pacientes compõem uma minoria dos nossos atendimentos e devemos sempre estimular o consumo de laticínios na dieta de uma forma saudável e equilibrada para a boa saúde óssea, muscular e cardiovascular. Isso mesmo, “saúde do coração e vasos”, tendo em vista que, apesar de resultados conflitantes em alguns estudos, a suplementação equivocada e excessiva de cálcio fora da dieta aumenta o risco de infarto cardíaco e acidente vascular cerebral (AVC).
            Outra dúvida frequente é se devem utilizar laticínios integrais ou desnatados. Referem que os laticínios desnatados são “fracos”. Outro equivoco em relação às composições, os produtos desnatados apresentam-se “fortes” em relação às quantidades de cálcio e proteínas, alem de menor teor de gordura quando comparados aos produtos integrais.

            Diante do exposto orientamos que o uso de suplementos alimentares deve ser realizado apenas após avaliação médica e nutricional. Pois repito, cada paciente é um ser único e devemos respeitar as suas individualidades. Para ossos e músculos saudáveis devemos ingerir uma boa quantidade de laticínios, folhas verdes, proteínas, frutas e verduras coloridas (ricas em carotenóides), além de prática de exercícios regulares, exposição solar adequada diária e reposição de vitamina D, quando necessária.





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